Surgimento do Nativismo: Movimento Nativista.

 

O movimento nativista surge com a criação da Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul, na cidade de Uruguaiana, em 1971. O País atravessa a sangrenta Ditadura Militar. A censura, com mão de chumbo, define o que é mais apropriado para veicular ao povo. A música em idioma estrangeiro ganha as paradas de sucesso das emissoras de rádio e televisão, numa forma de adormecer aos mais atuantes cultural e politicamente. Em revés a estes cinzentos tempos, há grande movimentação cultural com a realização de festivais de música popular brasileira nas mais diversas cidades do País. O mercado da música gaúcha está voltado para o regionalismo e o tradicionalismo. A trova está em alta, ainda por resquícios do programa radiofônico Grande Rodeio Coringa e alguns programas em emissoras AM no amanhecer ou entardecer do dia. Mas apesar disso, a parcela gaúcha no mercado discográfico é irrelevante, excetuando-se o fenômeno Teixeirinha, recordista em vendas de discos até hoje.

A Califórnia da Canção é promovida por um grupo ligado ao CTG Sinuelo do Pago, em Uruguaiana. Na primeira edição, sessenta pessoas fazem a platéia. Nos tempos de ouro da Califórnia, entre a décima e a vigésima edição, chega atrair 60 mil pessoas. O poeta Colmar Pereira Duarte é o centro de uma polêmica que gera o surgimento do festival. Acaba vencendo a primeira edição do evento que passa a ser exemplo para o ciclo dos festivais no Estado.

Na década de 80, surgem novos festivais e um verdadeiro turbilhão nativista começa a tomar conta do Estado. Os jovens passam a vestir bombachas, sair às ruas dos grandes centros com suas mateiras e formar rodas de mate nas praças. Apressadamente alguns tradicionalistas julgam que o movimento é apenas um modismo. Hoje já contabiliza três décadas de atuação e centenas de títulos de festivais. Atualmente são em média 40 festivais por ano, mas já houve época com mais eventos deste tipo do que finais de semana. Com a grande produção musical gerada pelo nativismo surgem novos programas de rádio e televisão. A mídia começa olhar com atenção para os nativistas e vê fundamento nos temas que são abordados pelos novos valores que começam surgir ano a ano. Os festivais tornam-se mercado de trabalho e hoje há um elenco de mais de mil nomes cadastrados como compositores, músicos e intérpretes deste gênero musical só no Rio Grande do Sul