Arroz de Carreteiro(de charque). Bom e Divertido.
Ingredientes:Arroz -
Charque -
Cebola -
Alho (passo-a-passo, foto-a-foto).
Qualquer outra coisa é invenção. Por quê? Imagina o gaudério, no meio do
campo, nas invernadas, levando salsinha, milho, tomate e tantas outras
coisas que enfiam nos carreteiros. Nada disso! Só arroz e charque!
Um ponto muito importante: charque tem que ser o de manta. Não inventa
de comprar charque em supermercado. São umas bostas (bosta, aqui, não é
palavrão) feitas pra consumo rápido, não tem gosto e, como são fechados
a vácuo, quase não levam sal. Não vamos nos esquecer que o sal é que
conserva a carne. Logo, carne com pouco sal é carne com pouco sal e não
charque (não tem manta por aí? Das duas uma: ou sifu ou liga pro
telechato que eu mando).
Pique o charque e coloque de molho, desde a o na noite anterior. Coloca
em alguma coisa de vidro, nunca em panela de alumínio.
Troque a água de quando em quando (tem receita por aí que diz até as
horas pra trocar a água. Bobagem. A maneira de saber se está no ponto é
pegar um pedaço e comer.
Bueno, não esquece de escorrer a água antes de começar.
Pica a cebola e o alho. Quanto? Sei lá, pô! Eu gosto
de muito alho, tem gente que gosta de pouco. Nunca cozinhou na vida? Tá,
então faz assim: uma cebola média e três dentes graúdos de alho. E não
me pergunta o que é média e graúdo. Não sabe? Pega três cebolas e coloca
uma ao lado da outra em ordem crescente de tamanho. A do meio é a média.
Não, a cerveja não faz parte do carreteiro, mas é fundamental para o
fazedor.
Muito importante: panela pra carreteiro (e pra qualquer comida que se
preze, diga-se de passagem) tem que ser de ferro. Esse negócio de fazer
em panela de alúminio não dá certo. Se não tem panela de ferro, tá
fazendo o que na cozinha? Ou compra uma, ou desiste da carreira de
cozinheiro(a). Outra coisa: pra mexer tem que ser colher de pau. Coloca o azeite pra esquentar. E tem que ser azeite
de oliva, que faz bem pra saúde, pra pele, pros radicais livres. Faz mal
pro bolso, eu sei, mas escolhe: o bolso ou a vida?
Coloca a cebola e o alho pra fritar por uns tempos. Quando estiverem bem
fritinhos, joga o charque dentro, mexe bem e deixa fritar também.
Depois de bem frito o charque, desliga a panela e tampa. Deixa por um
tempinho só no bafo (não o da cerveja que, aliás, já acabou. Serve
outra!). Não precisa deixar "secar", como querem alguns. Deixa o
caldinho quieto aí no fundo.
Com um garfo, pega um pedaço pra provar. Aqui vai um pouco da ciência do
negócio. Prova e me diz: tá bom de gosto? Se tiver prossegue; senão,
desiste. Nâo bota sal agora, agüenta firme, bagual!
Coloca o arroz. Vê se lava antes, inda usam talco pra polir
o arroz. Mexe bem para fritar e acrescenta água até dois dedos acima.
Como é que eu sei que aí tem dois dedos de água?
Faz assim ó: pega uma régua e mede antes de colocar a água. Depois,
vais acrescentando a água até que o nível fique 4 cm acima da marca incial. Quatro centímetros é a largura de dois dos meus dedos juntos.
Deixa começar a ferver e só aí - e somente agora - vais colocar a famosa
pitada de sal. E aqui só posso dizer uma coisa: te vira! Nunca acertei
essa tal de pitada. Vai botando e provando e gerundiando...
Tampa e deixa cozinhar. Carreteiro a gente come molhado. Esse negócio de arroz soltinho não é coisa de gaudério. Tá
mais pra gente lá das bandas de fora do RS.
Outra frescura muito comum por aí: na hora de servir, nada de colocar em
"pirex". Carreteiro não se tira da panela. A panela vai à mesa, assim
como Moisés foi à montanha. Acompanha, pras chinas, uma saladinha de
alface e tomate. E azeite de oliva pra completar.
PELAMORDEDEUS parem com essa frescura de colocar queijo ralado por cima.
Isso é coisa de gente que come pizza e isso aqui é carreteiro e não
macarronada.
Tem também, o famoso "arroz de china pobre", que é igualito a esse só
trocando o charque por linguiça.
Oigalê Tchê, que tava bom!!!