Cincha do Arreio. A maneira de encilhar o cavalo.
A cultura gaúcha tem sofrido, de longa data, diversas influências culturais externas. A encilha do gaúcho, entre outras características próprias da tradição campeira do Rio Grande do Sul, não está isenta a essas pressões comerciais. O arreamento e a maneira de encilhar o cavalo, por exemplo, são constantemente afetados pela voracidade de um mercado avassalador.
O tradicional perde espaço para as novidades importadas; os usos e costumes locais cedem terreno para aspectos culturais entra-nos ao nosso jeito de viver. Enquanto isso, os trabalhadores brasileiros, os artífices, perdem a sua profissão e o seu ganha-pão, com prejuízos para toda a sua família.
Outros, lá fora, se fortalecem com os bilhões de dólares recebidos, por exportarem ao Terceiro Mundo suas "garras" e o seu modo de vestir, a sua cultura local. Por isso, não é demasiado lembrar, principalmente aos que se inclinam por esse mercado globalizado, que a cincha do gaúcho deve ser apertada no cavalo de acordo com o trabalho a realizar. Esse é um ensinamento de Raul Annes, in Mala de Garupa: costumes campeiros (2a ed, Porto Alegre: Martins Livreiro, 1999, p. 39).
Se for para arrastar um barril de água ou lenha no mato, a cincha deve ser colocada bem no sovaco do animal. Porém, se for para o trabalho de laçar uma rês, deve ser apertada sobre o osso do peito. Para passeio ou viagem, deve ser posta bem no meio da barriga do cavalo. Na mesma linha, o pelego do gaúcho é, e sempre foi, do tamanho grande. Na Argentina, por exemplo, é pequeno. Porém, os gaúchos devem preservar os seus usos e costumes locais, não os de outros países.
Assim é com a bombacha, o lenço, o chapéu, a cuia de chimarrão, a guaiaca, o laço, o corte da cola do cavalo, enfim, com todos os nossos autênticos usos e costumes campeiros. Do contrario, aquele que não observar esse verdadeiro dever cultural, poderá a vir ser classificado como um assassino cultural da rica tradição gaúcha, cuja preservação deve continuar, de pai para filho, em honra aos nossos heróicos antepassados!
Fonte: Bombacha Larga