Conta a lenda da Erva–Mate que um velho guerreiro guarani
vivia triste em sua cabana pois já não podia mais sair para as guerras,
nem mesmo para caçar e pescar, vivendo só com sua linda filha yari, que
o tratava com muito carinho, conservando-se solteira para melhor
dedicar-se ao pai.Um
dia, Yari e seu pai receberam a visita de um viajante que pernoitou na
cabana recebendo seus melhores tratos. A jovem cantou para que o
visitante adormecesse e tivesse um sono tranqüilo, entoando um canto
suave e triste.Ao
amanhecer, o viajante confessando ser enviado de Tupã, quis
retribuir-lhes a hospitalidade dizendo que atenderia a qualquer desejo,
mesmo o mais remoto. O velho guerreiro, sabendo que sua jovem filha não
se casara para não abandoná-lo, pediu que lhe fosse devolvidas as
forças, para que yari se tornasse livre.
O
mensageiro de Tupã entregou ao velho um galho de árvore de Caá,
ensinando-lhe a preparar uma infusão que lhe devolveria todo o vigor.
Transformou ainda Yari, em deusa dos ervais e protetora da raça Guarani,
sendo chamada de Caá-Yari, a deusa da erva-mate. E assim, a erva foi
usada por todos os guerreiros da tribo, tornando-os mais fortes e
valentes.
Quando os espanhóis por aqui chegaram, encontraram os índios guaranis dóceis e receptivos, já então utilizando uma bebida que sorviam em cabaças por meio de um canudo, preparada, com folhas de uma árvore nativa da região – chamada cáa – dizendo que esta lhes havia sido dada pelo deus Tupã. De imediato os espanhóis adquiriram este hábito e passaram a tomar o chimarrão, desde os soldados até oficiais, sem distinção de classes sociais.
O chimarrão, tradicional e salutar hábito do Rio Grande do Sul, é um símbolo da hospitalidade do gaúcho, que oferece sempre a qualquer visitante. Atualmente, é bebido em uma cuia onde depositamos um pouco de erva-mate já moída e de onde sorvemos o líquido (água quente sem ferver), através de uma bomba de metal.
O costume de tomar chimarrão está bastante difundido, tanto no meio rural como no urbano e faz parte da vida do gaúcho desde o amanhecer até a noite, quando encerra suas tarefas do dia.
Fonte: Pampas Tradição online